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* O autor é membro do coletivo Trezentos
Fabiane Borges, Hilan Bensusan
(13/05/2008)
O lixo. Dejetos, excessos, defeitos, exceções com os quais não sabemos o que fazer. Enchemos as ruas, as valas, os depósitos de lixo. O lixo é o que sobra – o que não tem cabimento nas nossas formas de vida. Sustentabilidade pode ser medida assim: quanto fica de fora! Uma maneira de distribuir que embala com plástico, uma maneira de produzir que dá a luz à mais do que consegue escoar. Uma maneira de consumir que se baseia em exibir sempre o novo inelutavelmente deixa sobras de fora. O lixo é o que não conseguimos assimilar nas nossas maneiras de produzir, distribuir e consumir. O lixo é o que sobra de um processo – como uma máquina com vazamento, como uma economia que funciona produzindo excessos, excedentes, externalidades. [cont.]
Leia o texto integral em Le Monde diplomatique.
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* POLÍTICAS ESQUIZOTRANS é uma coluna mantida por Fabiane Borges e Hilan Bensusan em Le Monde diplomatique, edição Brasil.
(24/07/2008)
Noise não é música. Queer não é sexo. Talvez estejamos à beira da era da pós-música e estamos querendo ver ao longe a era do pós-sexo. Mas há ziguezagues frenéticos e pode ser que até a música retorne, até o sexo retorne. Queremos isso? O noise é um deslocamento para fora das margens da história da música canônica; uma requebrada, uma saída do eixo, mas que se repete cada vez mais: o noise tem um pedigree em Cage, Boulez, Zappa, um outro em Captain Beefheart, Sonic Youth, Wunderlitzer e tem outros. O deslocamento se faz expondo matéria sonora que ficou deixada de lado pelo cânone da música; aquilo que soa amorfo ou abjeto para além do que é apenas desafinado. Os detritos da música – que têm o nome do que perturba a transmissão. Adicionar noise é uma intromissão no caminho esperado da informação: fazer ruído. Deixar as coisas roídas. Boyan Machev [1] descreve o noise como uma desorganização da vida: um agente provocador que logo se comporta como um agente infeccioso. Machev opina que o noise é a arte da desorganização e por isso mesmo é a arte da alteração, da expressão da potência e da transformabilidade. Do que parecia amorfo emerge alguma nova morfologia e, se continuamos ruindo, uma outra. Trata-se de roer a teia que vai da matéria ao instrumento e do instrumento o som. A matéria ela mesma faz som – matéria-sem-instrumentos é equipamento esquizo. Noise contamina a música e, eventualmente, vai se tornando música. A música vai ficando ruída, infestada de desorganização. [cont.]
Leia o texto integral em Cassandras ou em Le Monde diplomatique
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* POLÍTICAS ESQUIZOTRANS é uma coluna mantida por Fabiane Borges e Hilan Bensusan em Le Monde diplomatique, edição Brasil.