VER…
A meninas superpoderosas são boas. Amigas do prefeito e resultado de uma experiência científica, elas resolvem a socos todos os problemas causados pelos maus. Bons têm cara de bons, maus, de maus. Para os maus, espancamento e prisão: é assim que elas gostam. Depois de passarem o dia distribuindo porrada e limpando as ruas, são postas na cama pelo zeloso cientista que as criou e dormem o sono dos justos. Mas, as superpoderosas são para meninas, meninos pedem mais emoção… Mortes espetaculares são a pedida. Da disseminação de uma espécie de ludicidade violenta marcada pelo vídeo game mortal kombat (ícone maior) chegamos hoje ao GTA e seu convite a matar inimigos, atropelar quem passar pela frente, empurrar pessoas para a linha do metrô que passa… Fazer tudo isso sem ser pego pela polícia garante excelente pontuação. Polícia ou bandido são as opções oferecidas no mundo em que maniqueísmo com 100% de pureza é edulcorado por competições, acúmulo de pontos e cores alegres no qual despontam a disponibilidade para eliminar o mal.
Quase toda criança brasileira, hoje, seja rica ou pobre, é filha de gente que – com Ratinho, Hebe Camargo, Ana Maria Braga – acha que todas as pessoas nominadas bandido devam ser presas e apodrecer na cadeia. Essas crianças aprenderam, com Xuxa, Luciano Huck e Gugu a amar e emocionar-se com treinamentos militares em que pessoas comuns, modelos de beleza e seus apresentadores prediletos querem vencer os desafios (ordenados aos berros) por comandantes másculos e fortões. Ui!
No Brasil as crianças nos surpreenderam amando Tropa de Elite. Pudera! São mais de trinta anos – desde Nacional Kid, passando por Gil Gomes no programa Aqui Agora – de investimento nessa formação político-militar-policial baseada em heróis que salvarão o mundo do mal. [cont.]
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* O autor é membro do coletivo Trezentos
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* O autor é membro do coletivo Trezentos
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