quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

DE QUEM SÓ ESPERA

Há, às vezes, nesses dias chuvosos, uma espécie de mal-estar. Acontece. Esperar torna-se um vício. Nada toca. Nada se deixa tocar. De perceptível só o som da combustão de carros a motor que se chega sempre à porta, nesses dias chuvosos. A verdade é que a vida parou como um romance que perdera o enredo, e os esforças limitam-se ao ato de negar, não existe, pois, a possibilidade, nesses dias chuvosos. Tudo é tratado como estranho... Ouço vozes no cômodo ao lado: essas não me querem dizer nada. A vida parou. Por um instante tive a mesma impressão... Nesses dias chuvosos em que desistimos da vida, nada nos pode recuperar o fôlego de vida, nada é capaz de afetar. E ficamos assim – então parados – entregues ao instante, no nosso vício de esperar...

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